Visão geral da história da radiologia
17/03/2013 00:49
AS DESCOBERTAS E ACONTECIMENTOS
Em 08 de novembro de 1895 o físico alemão Wilhem Conrad Roetgen descobriu os Raios-X, após ter visto sua mão projetada em uma tela enquanto trabalhava com radiações. Atento, logo começou a investigar o tubo, que deveria estar emitindo um tipo especial de onda que tinha a capacidade de atravessar o corpo humano. Como era uma radiação invisível, ele a chamou de Raios X. Essa descoberta lhe deu o prêmio Nobel de Física em 1901. No começo do século XX, ocorreu uma revolução no meio médico, trazendo um grande avanço no diagnóstico por imagem.
1.1. Uso dos primeiros contrastes artificiais, em 1896 quando Haescheck e Lindenthal introduziram uma mistura de bismuto, chumbo e bário em uma mão amputada, realizando a primeira angiografia.
Meios de Contrastes Radiológicos
Da esquerda para direita: Contraste iodado, lágrima artificial, bastão de fluoresceína, seringa de 5ml e cateter tipo Insyte.
São substâncias que pelas suas características físico-químicas são contrastes capazes de absorver raios-x
· 1933, foram desenvolvidos novos meios de contraste, e por volta de 1950 iniciaram-se
estudos que chegaram a um meio de contraste derivado da acetilação do grupo amina, de menor toxicidade, evoluindo para os meios de contraste que são utilizados até hoje.
· 1953 outro marco importante, descrito por Seldinger, foi o que permitiu progredir com um cateter pela árvore arterial, também apresentando grande evolução de materiais e técnicas que tornaram possível navegar em regiões antes não alcançadas.
Toda essa evolução de conhecimentos e materiais apresentou resultado promissor na década de 1980, com a introdução da angiografia digital.
Porém, apesar da grande evolução, com redução da morbidade e da mortalidade, ainda se apresentavam algumas complicações relacionadas aos meios de contraste, que nos desafiaram na busca de um método adequado.
1.2. Primeiras radiografias experimentais realizadas no Brasil, 1897 – Primeiro aparelho de Raio-x do Brasil e da América do Sul – Formiga, Mg.
O primeiro aparelho de raios X chegou ao País em 1897. Fabricado pela Siemens, o aparelho era rudimentar, com bobinas de Rhumkorff de 70 cm cada uma e tubos tipo Crookes.
Naquela época, Formiga não contava com eletricidade e para colocar o aparelho em funcionamento, era necessário alimentá-lo com baterias e pilhas Leclancher rudimentares de 0,75 HP. Como os resultados não foram satisfatórios, Dr. Ferreira Pires decidiu instalar um motor fixo de gasolina que funcionava como um gerador elétrico. Com ajuda da mulher, filhos, amigos e um manual de instruções, Dr. Ferreira Pires colocou o aparelho em funcionamento e, com chapas de vidro fotográfico, passou a produzir as primeiras radiografias. Primeira chapa radiográfica, feita em 1898, foi de um corpo estranho na mão do então ministro Lauro Muller, um de seus primeiros clientes. Entre 1899 e 1912, Dr. Ferreira Pires adquiriu todos os tipos de tubos fabricados pela Siemens.
Na década de 50, após uma exposição do Departamento de Radiologia da Associação Médica de Minas Gerais, o aparelho foi enviado para o exterior, por falta de interesse das entidades governamentais em criar um museu histórico no País, naquela ocasião. Atualmente, o primeiro aparelho de raios X utilizado no Brasil encontra-se no International Museum of Surgical Science, em Chicago, nos Estados Unidos. É necessário ressaltar que as observações e pesquisas do Dr. Ferreira Pires possibilitaram a publicação de muitos trabalhos em revistas científicas e congressos médicos. Contudo, foi na área de Radiologia e Radioterapia, por seu pioneirismo, em que publicou seus melhores trabalhos.
Dotado de privilegiada inteligência e incrível conhecimento médico, Dr. Ferreira Pires contribuiu e muito para o progresso da ciência no Brasil e no exterior. Após seu falecimento, em 1912, seus familiares mantiveram intactos seus consultórios com aparelhos de raios X e sua notável biblioteca. Considerado um dos principais nomes da medicina brasileira, recebeu diversas homenagens. Em 1906, Dr. Pires recebeu a medalha de 1a classe de mérito científico e humanitário, no XV Congresso Internacional de Medicina em Lisboa, do qual foi membro. Recentemente, em 1998, em comemoração aos 100 anos da Radiologia Mineira, em Belo Horizonte, o Congresso Brasileiro de Radiologia foi dedicado à sua homenagem.
· 1912 – Aparecem os primeiros diafrágmas nos cabeçotes dos aparelhos de Raios X, e a grade antidifusora (supressão dos raios secundários), inventadas pelo Radiologista alemão Dr. Gustav Bucky.
· 1913 – Tubos Coolidge com anodo giratório – Bower
· 1915 – Aperfeiçoamento da Grade antidifusora, adicionando mobilidade radiologista americano Hollis E. Potter(atual Potter-Bucky).
· 1917 – Aparecimento do écran fluorescente e a idéia de fotografá-lo.
· 1918 – William E. Dandy – EUA, introduz ar nos ventrículos (ventriculografia
cerebral).
- Radiografia do sistema ventricular do cérebro, após injeção de ar ou outro meio de contraste diretamente nosventrículos cerebrais. Também é utilizada para tomografia computadorizada dos ventrículos cerebrais por raio x.
· 1921 – André-Edmond Marie Bocage idealizava a tomografia linear- experimentos.
Tomo significa corte. Portanto a tomografia linear consiste na obtenção de uma imagem num plano de corte pré-determinado. A Tomografia Linear consiste de uma técnica que emprega um aparelho de raios X convencional o qual possui uma haste que possibilita sua movimentação nas direções longitudinal, oblíqua e antero-posterior de acordo com o posicionamento do paciente na mesa. O tubo move-se simultaneamente e em sentido oposto ao filme. Deste modo a imagem fica desfocada devido à movimentação. O único plano que aparece focado é o chamado fulcrum ou plano de corte. Deste modo a imagem focada destaca-se das demais realçando os detalhes anatômicos no plano selecionado.
· 1922 – Manuel de Abreu retoma as pesquisas no Brasil com écran fruorescente.
O médico brasileiro Manuel Dias de Abreu (1894-1962), com o objetivo de acelerar o diagnostico da tuberculose, iniciou uma série de investigações sobre técnicas então adotadas. Suas pesquisas conduziram-no a importantes descobertas, as quais culminaram com a invenção, em 1936, de um novo processo de obtenção de radiografias do tórax. O método foi por ele denominado de roentgenfotografia, por tratar-se de uma combinação de fotografia e raios X, os raios Roentgen. Em 1939, durante o I Congresso Brasileiro de Tuberculose, o novo método foi designado de abreugrafia, em homenagem ao seu inventor. A abreugrafia é um método que consiste em registrar em filme de 35mmm a fotografia da tela radioscópica de uma radiografia do tórax. É uma fotografia indireta e seu principal objetivo é o de fornecer um diagnostico rápido de doenças ocultas ou inaparentes no interior do tórax. Destinada inicialmente ao diagnostico da tuberculose pulmonar, sua utilização foi ampliada para a pesquisa de inúmeras outras enfermidades, tais como lesões cardíacas, tumores intratoracicos, micoses, câncer pulmonar, dentre outras. O método promoveu verdadeira revolução na medicina preventiva, pelo baixo custo e rapidez.
· 1923 – A. Sicard neurologista, tornou visível o canal raquidiano com Lipiodol
(Iodo)- mielografia.
A mielografia é uma técnica através da qual se tira uma radiografia da medula espinal após uma injeção de um meio de contraste radiopaco na zona que se pretende examinar. A mielografia permitirá analisar as anomalias do interior da coluna vertebral, como uma hérnia discal ou um tumor canceroso.
· 1924 – Estudo radiográfico das vias biliares com contrastes iodados.
- Colecistografia Oral, Colangiografia Intravenosa, Colangiografia Transoperatória, Colangiografia Pós-Operatória, Colangiografia Retrógrada Endoscópica e Colangiografia Transparieto-Hepática.
· 1927 – Moniz. Escola portuguesa de arteriografia e estudo visceral, Estudo da Artéria Aorta.
Surge em 1927 com a descoberta da angiografia cerebral por Egas Moniz e Almeida Lima, num ambiente particularmente propício ao desenvolvimento da investigação científica, não obstante as difíceis relações que alguns dos seus protagonistas tinham com o poder político. Algumas das descobertas mais importantes a nível mundial no campo da imagiologia médica foram realizadas neste contexto.
Egas Moniz
(1874-1955)
Médico, político e escritor português, inventa em 1927 a angiografia cerebral, o primeiro grande passo no diagnóstico topográfico das lesões intracranianas.
· 1929 – Fundada a Sociedade Brasileira de Radiologia e Eletrologia (hoje SBR) 1º presidente: Dr Manoel de Abreu.
BRASILEIRA DE RADIOLOGIA
Rua Visconde de Silva 52 sala 902- Botafogo, cidade do Rio de Janeiro,RJ
Alair Augusto Sarmet Moreira Damas dos Santos
Presidente SBR
15 de dezembro de 2004
· 1930 – Alessandro Vallebona desenvolve o 1º Tomógrafo linear (planigrafo) para uso em medicina (radiologia) – Itália.
No início dos anos 1930 o radiologista italiano Alessandro Vallebona propôs um método para representar uma única fatia (secção) do corpo sobre a película radiográfica. Este método ficou conhecido como tomografia. A ideia nasceu de conhecimentos baseados em princípios simples de geometria projectiva.
A Tomografia ganhou o estatuto de pilar do diagnósticoradiológico até aos finais dos anos 70, quando se iniciou autilização de minicomputadores e do método transversal axial, sendo o último graças ao trabalho de Godfrey Newbold Hounsfield e Allan McLeod Cormack, gradualmente conhecida como a modalidade de CT. O primeiro scanner CT foi inventado pelo inglês Godfrey Newbold Hounsfield na Central Research Laboratories EMI, através dos Raios-X.
· 1930 – Ziedes des Plantes inventa a planigrafia multidirecional – Holanda.
· 1933 – Écran fluorescente a base de Sulfureto de Cádimo e Zinco (cor amarela e verde).
· 1934 – -Novo écran a base de Platino Cianureto de Bário (cor azul).
· 1936 – Abreu idealiza as bases do que seria a Abreugrafia.
· 1936 – Écran a base de Tungstato de Cálcio (azul anil).
· 1937 – Inventada oficialmente a Abreugrafia e implantado o 1º posto de Abreugrafia(PAM Henrique Valadares- Centro, Rio).
Abreugrafia é uma radiografia tórax que, em vez de ser impressa no filme radiográfico (conhecido como chapa), é transferido para um filme fotográfico de 30 ou 70 mm. A imagem fica pequena, mas era suficiente para diagnosticar a tuberculose, que estava em plena epidemia em várias partes do mundo na década de 1930.
A data oficial da invenção é 1936. O inventor: Manoel de Abreu (a técnica levou seu nome), brasileiro. A substituição da chapa pelo filme foi um modo de reduzir o custo e tornar a técnica aplicável em um grande número de pessoas em um curto espaço de tempo. Era um exame de triagem. Mas sua grande contribuição histórica vai muito além disto.
· 1939 – Novos filmes (35,70 e 100 mm.) – maior detalhe e maior produção.
· 1945 – Primeiros treinamentos práticos de leigos para técnicos em radiologia por alguns radiologistas nos seus próprios serviços e clinicas/Instit. de Caridade-Irmãs treinadoras de leigos para radiologia.
Pós-guerra – abertura das relações internacionais, importação em massa, novas tecnologias e sucatas – multinacionais da radiologia.
· 1950 – Abreugrafia como fator importante no diagnóstico da tuberculose,
reconhecida e praticada em todo o mundo.
Década de 1950 – principais fabricantes de equipamentos d radiologia estrangeiras no
Brasil: GE, Siemens, Phillips, Meratti, Westinghaus, Piecker, Zonics Medcs Sistem, Muller, Wattson.
1.4 – Radiologia Contemporânea (1950 – 2002)
· 1950 – Intensificador de imagem, automação e expansão da radiologia.
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